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Higya Alessandra Merlin

Sobre Qualidade de Vida no Trabalho

Atualizado: 24 de jan. de 2020


Existe um senso comum de que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) está relacionada à promoção de atividades recreativas e de saúde e à oferta de ginástica laboral. Contudo, essa visão é muito estreita, pois a QVT é muito mais ampla em sua essência. Oferecer programas de bem-estar aos colaboradores é bacana, mas atuar em QVT vai muito, muito mais longe.

O conceito de QVT pode até ser complexo e multidimensional, altamente influenciado pela percepção individual de cada pessoa, mas alguns aspectos são primordiais:

- Significado da tarefa: como pensar em QVT realizando um trabalho sem significado, sem propósito?

- Feedback (retroação): receber informação sobre o desempenho, saber as necessidades de melhoria ou receber um elogio, tudo isso é fundamental. Todos nós merecemos feedback, é muito complicado "trabalhar no escuro".

- Meritocracia: progredir pelos próprios méritos, conhecer os caminhos para ascender, saber que existem regras claras e que permitem a promoção pelas competências. Como falar em QVT se a organização realiza suas promoções por apadrinhamentos e não toma como base as competências de seus colaboradores? As pessoas precisam ter oportunidades de futuro na organização.

- Compensação justa e adequada: remuneração compatível também é importante, tem a ver com o suprimento de necessidades básicas e também com a sensação de justiça. A remuneração tem seus aspectos concretos e subjetivos bem latentes na vida do ser humano.

- Integração social: sensação de pertencimento, bom relacionamento interpessoal.

- Autonomia: poder ter certa participação nos processos. Como falar em QVT quando a existência no trabalho resume-se a cumprir ordens autoritárias?

- Equilíbrio: o trabalho não pode ocupar toda a nossa vida, é necessário que haja equilíbrio entre as demandas.

- Saúde e Segurança: condições físicas e psicológicas dignas, que contribuam para o bem-estar em sua concepção sistêmica.

É fato que passamos boa parte dos nossos dias no ambiente de trabalho. Assim, para ter QVT, mais do que programas de saúde e motivação, é necessário que a cultura da organização seja saudável, que os valores propagados sejam de fato vivenciados.

Organizações que não compreendem que as pessoas são o seu bem mais valioso nunca terão a tão falada QVT. Podem ter ginástica laboral, eventos variados, palestras sobre saúde mental, mensagens lindas em datas especiais, convênios de toda sorte, móveis novos e prédios bonitos, mas não terão o mais importante para a produtividade e para o crescimento sustentável: o comprometimento voluntário das pessoas. Por todo o exposto, QVT também tem tudo a ver com desenvolvimento de lideranças. Líderes de verdade conseguem auxiliar na construção de ambientes mais saudáveis. Líderes podem e devem ser desenvolvidos!

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