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Higya Alessandra Merlin

Equipes de alta performance


Na gestão moderna, o trabalho departamentalizado tem cedido cada vez mais espaço ao trabalho em equipe. Com isso, esperam-se resultados melhores em todos os sentidos. Em outras palavras, organizações visam lucro e precisam de produtividade. Não obstante, para que esses resultados de fato apareçam, mais uma vez entra em cena o líder.

Discursos bonitos e confraternizações com o objetivo de demonstrar que no local temos uma família podem não significar alta performance. Para alcançar eficiência e resultados, o primeiro gestor de pessoas, ou seja, o líder imediato deve cuidar para que a equipe tenha algumas características:

- Missão definida, traduzida em objetivos claros, conhecidos e aceitos por todos. Como pensar em resultados de trabalho em equipe se seus membros nem conhecem o porquê do trabalho? Trabalhar sem propósito é complicado, porque acaba sendo traduzido em falta de comprometimento, absenteísmo e contaminação dos demais membros da equipe. Por isso, é fundamental que o líder deixe claro o que se pretende com as tarefas, contextualizando-as com visão ampliada e demonstrando a importância que cada colaborador tem no todo sistêmico.

- Visão sistêmica. A Teoria dos Sistemas, de Ludwig von Bertalanffy (1950), já apontava para a visão global na administração. O todo é maior que a soma das partes. Assim como os órgãos do corpo humano dependem uns dos outros, a organização não funciona por partes separadas, sendo vital para o êxito a visão integrada do conjunto.

- Potencialização das individualidades. Cada ser humano é único e traz consigo traços de personalidade, experiências de vida e crenças que, muitas vezes, estão ocultas aos olhos dos demais. É indispensável que o líder tenha o desenvolvimento necessário para distinguir essas diferenças e conseguir extrair de cada colaborador o que ele tem de melhor. Da mesma forma, as atribuições de cada membro da equipe devem estar bem claras, apesar da essência do trabalho em coletividade. Nem todos têm as mesmas habilidades ou o mesmo perfil comportamental. Isso é ótimo, pois uma boa equipe é formada por diversos perfis, justamente para conseguir trabalhar em sincronia e atuar em vários panoramas. O líder desenvolvido consegue captar essas nuances e fazer com que cada um seja importante no todo, de acordo com suas potencialidades, sejam elas já expressas ou passíveis de desenvolvimento.

- Consenso. Apesar dos pensamentos diferentes, uma equipe de resultados sabe trabalhar com consensos. Isso pressupõe maturidade e decisões conjuntas, que, por sua vez, dependem de comunicação clara e assertiva. Não precisamos pensar da mesma forma, a divergência pode, inclusive, trazer benefícios. Mas é imperativo que se chegue a um consenso para que todos caminhem na mesma direção. Em equipes de resultado, não tem vez o autoritarismo ou as conhecidas decisões top-down. Apenas cumprir ordens a contragosto, não se sentindo parte do processo, resulta em falta de comprometimento e queda de produtividade.

- Inovação. Sobretudo atualmente, onde as mudanças são aceleradas e a competitividade não tem limites, inovar é ponto-chave do negócio. Cada vez mais, exige-se fazer mais, com menos, de forma melhor e sustentável. E não há como conseguir isso pensando sempre da mesma forma. O líder desenvolvido deve instigar a sua equipe a "pensar fora da caixa”. Juntos, soluções e ideias inovadoras podem surgir a qualquer momento. Se o trabalho é inclinado a grandes mudanças e competitividade, a inovação é indiscutível. Para trabalhos mais conservadores, podem surgir questionamentos quanto à necessidade de inovar. Todavia, cabe ao líder auxiliar na ampliação da visão da equipe. É preciso pensar de forma diferente, mesmo nos trabalhos conservadores. A estabilidade de hoje pode não se perpetuar. Quantas grandes marcas desapareceram por não darem valor aos sinais dos tempos? O que parece longínquo hoje pode chegar mais rápido do que imaginamos. E aí ,quem tem pensamento inovador e comportamento mircoempreendedor, terá vantagens na sobrevivência e na empregabilidade.

- Resultados mensuráveis. Sim, é importante medir. Sair da subjetividade é importante para engajar as pessoas. Indicadores e métricas são ótimas ferramentas para delinear caminhos, traçar diretrizes e deixar visível o ponto atual e a distância até o desejado. Nossas metas devem ser mensuráveis, a eficácia deve ser medida.

- Valorização dos talentos, inclusive de outras lideranças. Justamente por sermos diferentes e pelas contingências do dia a dia organizacional, o líder deve garantir um ambiente favorável ao florescimento dos talentos da equipe. E deve ter a humildade para entender que, dependendo da situação a ser conduzida, outra liderança momentânea pode ser mais benéfica. É importante ter a clareza de que equipe é isso. Pode ter a liderança formal e hierárquica, mas outros líderes devem encontrar espaço, com a devida obediência e respeito, para conduzir situações às quais um outro perfil trará os resultados esperados nas ações. E não precisa haver insegurança, afinal o propósito estabelecido deve ser maior do que os egos. As lideranças informais podem surgir e devem receber o feedback adequado, focado em resultados. E todos devem beneficiar-se com isso, inclusive o líder formal. Afinal, se todos da equipe dão o seu melhor em cada situação, melhor para o líder, de quem é cobrado o resultado final, não é?

Essas são características essenciais que o líder deve garantir em sua equipe para que ela tenha alta performance. Obviamente, outras estão implícitas, como organização, gestão do tempo e processos de trabalho inteligentes. De qualquer forma, uma equipe integrada terá a percepção aguçada para identificar gargalos e sugerir melhorias. Isso surge das próprias potencialidades individuais para lidar com cada tipo de situação, tendo sempre o olhar voltado para o todo.

Para finalizar, deixo uma reflexão da querida amiga e consultora Marcia Vespa: "O ato de lidar com pessoas inteligentes só é percebido como vantagem por quem é inteligente ".

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